AZUL É A COR MAIS QUENTE

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Por ZARA

O polêmico filme francês La Vie d’Adèle, traduzido em português para Azul é a Cor Mais Quente, estreou aqui no Brasil no final de 2013. A obra recebeu a Palma de Ouro no festival de Cannes como melhor filme e o prêmio FIPRESCI (Federação Internacional de Críticos de Cinema). Inspirado na revista em quadrinhos “Blue Angel” escrita por Julie Maroh, La Vie d’Adèle conta a história de uma paixão entre duas mulheres que, apesar de viverem juntas esse sentimento arrebatador, os processos individuais correm por vetores bem diferentes.

Adèle, interpretada por Adèle Exarchopoulos, é uma adolescente enfrentando uma fase em que as escolhas se apresentam determinantes, como por exemplo, profissão a seguir e direcionamento sexual. Leva uma vida simples e parece não ter grandes ambições, faz o colegial em literatura e deseja ser professora de crianças, enquanto Emma, interpretada por Léa Seydoux, é artista plástica, graduanda em Belas Artes e demostra segurança em seu posicionamento diante da vida. Emma é homossexual assumida e não tem dúvidas nem sobre sua sexualidade nem sobre sua atividade profissional. Flutuando numa viagem de autoconhecimento, natural entre os adolescentes, Adèle se percebe dispersa dos acontecimentos comuns a suas amigas. Numa dessas encontra Emma, e a partir de então sua caminhada ganha o vigor que ela almejava. Elas vivem um relacionamento intenso e inteiro, mas, como qualquer casal, não ficam livres do desgaste. A vida conjugal entre as duas não se mostra tão harmoniosa como as envolventes cenas de sexo do período de namoro sugerem. Aliás, cenas estas que causaram incessantes burburinhos dentro e fora do cinema.

O diretor Abdellatif Kechiche explorou o improviso das atrizes dando caráter mais realista a esta história, o filme mais parece um documentário. O excessivo uso de super-close desloca o espectador para muito perto da protagonista, deixando ainda mais transparente o seu estado, um tanto quanto perdido. Em relação á cena de sexo, Kechiche não foi nada discreto. Investiu toda sua sensibilidade ao retratar a relação entre as personagens. A paixão dessas mulheres na cama periga vaporizar para fora da tela. Os planos e enquadramentos dão conta de revelar a simplicidade e naturalidade do ato. Para aqueles que torcem o nariz pra ideia, fica a dica: respirar fundo e deixar o preconceito no lixo da esquina antes de ir ao cinema. Mas é válido ressaltar que o filme está longe de se resumir ao erotismo lésbico. O longa de aproximadamente três horas decorre com atenção às diferentes fases da vida de Adèle e o público, inevitavelmente, acompanha a saga como uma mosca na aura da heroína.

 Adelen Cheronwiny é redatora da revista CineCachoeira, aluna do 3º período do curso de Cinema e Audiovisual.

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