Por Camila Mota
Nos dias atuais, uma das grandes discussões é de como vídeos que são postados na internet fazem tanto sucesso, como esse meio que até alguns anos atrás era de difícil acesso para as massas, como consegue atingir milhares de espectadores.
Claro que com o barateamento e a facilidade de se conseguir conexão com a internet esses números de acesso só tinham de aumentar, e daí o grande sucesso desses vídeos que podem ser postados a qualquer momento na rede, sobre qualquer tema e por qualquer pessoa.
O filme Dois coelhos conta a história de Edgar, que se envolveu em um acidente de trânsito e acabou matando duas pessoas, porém ele se isenta das acusações, devido a influência de um deputado estadual e da ajuda de uma promotora pública. E gira em torno também da sua sede de vingança para acabar com o bandido Maicon, que o assaltou e também estava envolvido com o mesmo deputado corrupto que o livrou no tribunal.
Assim a trama desenvolve-se através de pequenos núcleos que são montados no decorrer do filme, como se fossem um quebra-cabeça, método que a cada dia que passa se tornar mais presente nos filmes brasileiros. Um exemplo comparativo é o filme Estômago, que também é montado desta forma. Apesar de em Dois coelhos este tipo de montagem acaba não sendo tão afortunado como foi em Estômago, pois no filme de Afonso Poyart essa característica deixa a narrativa um tanto quanto confusa.
Agora vocês devem estar se perguntando o porquê da introdução desta humilde crítica, falando sobre vídeos de internet. Pois bem, tratei de falar um pouco sobre internet, pois o filme Dois coelhos, apesar de ter uma narrativa confusa, merece ser citado como inovador no meio cinematográfico brasileiro, pois nos apresenta ricos efeitos especiais e uma linguagem de internet.
Dois coelhos utiliza-se de planos e enquadramentos de vídeos que são postados no youtube, vímeo e outros canais de vídeos existentes na rede. Assim como também mistura o filme com imagens no estilo dos jogos de videogame, como utilizado em videoclipes, como o da música Californication, da banda Red Hot Chilli Peppers, e também utiliza do jogo de mesclagem com imagens do filme e desenhos animados, estilo que é utilizado em por Quentin Tarantino em Kill Bill volumes 1 e 2.
Assim, aposto que Dois coelhos é só o primeiro de muitos filmes brasileiros que irão utilizar desse tipo de formatação de imagens, pois essa colocação aproxima o cinema de todas as classes, de todos os gostos, e assim, apesar dos problemas que a narrativa oferece, podemos identificar uma ponte de aproximação e de, quem sabe, uma revolução no meio cinematográfico brasileiro. Pois se alguns anos atrás o lema era mostrar o que realmente estava acontecendo no nosso país (a miserabilidade e os avanços políticos), como o Cinema Novo fez, agora enxergamos uma nova amostragem do que vivemos, a partir da rede, da tecnologia e das novas interfaces possibilitadas pela internet.
Cinema Novo mostra a miserabilidade, certo. Agora, avanços políticos? Normalmente esse movimento é conhecido por mostrar o retrocesso politico de um país de terceiro mundo subdesenvolvido.