HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO

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Por Melissa Silsame 

Em 2010, Daniel Ribeiro nos apresentou pela primeira vez a história de Leonardo, Giovana e Gabriel no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho. A princípio a história de um garoto cego que acaba se apaixonando pelo novo colega recém-chegado. Uma história ousada e ao mesmo tempo sincera, que, de tão aclamada, abriu as portas para Daniel transformá-la em um longa-metragem.

Agora em 2014, com o lançamento de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, a história de Léo é contada de maneira um pouco diferente e muito mais aprofundada do que no curta. Dessa vez vemos mais da personalidade dos três amigos, especialmente Léo, enquanto passam por esse período tão conturbado que é a adolescência.

Leonardo (Guilherme Lobo) é um garoto que vai à escola, sai com a amiga Giovana, gosta de música e seria quase como qualquer outro rapaz da sua idade se não fosse cego. Para as pequenas tarefas que não consegue realizar sozinho, conta com a amiga Giovana (Tess Amorim). Tudo muda quando Gabriel (Fabio Audi), o aluno novo, torna-se amigo dos dois.

Logo, da amizade, começam a surgir sentimentos mais fortes entre Léo e Gabriel, apesar de nenhum dos dois demonstrarem um para o outro. Giovana também demonstra interesse em Gabriel e por isso acaba se afastando de Léo por conta do ciúme dos dois. Falando assim parece até o enredo de Malhação. Mas só parece.

O drama de conhecer o primeiro amor de Léo desenvolve-se em meio a seu desejo de ser independente. Ele se sente preso diante da tamanha superproteção dos pais (principalmente da mãe). Gabriel assume o papel de desbravador do mundo para Léo conforme saem juntos para ir ao cinema, “ver um eclipse” e andar de bicicleta, coisas que Léo nunca tinha feito antes. Essa vontade de Léo de sair de sua bolha não foi apresentada no curta, que focou o sentimento entre os dois garotos. O bullying que Léo sofre na escola e as demonstrações de afeto de Giovana e outras meninas por Gabriel também são colocados nessa versão longa da história, complicando a vida dos adolescentes.

Esse filme me lembrou muito As Melhores Coisas Do Mundo (direção: Laís Bodanzky, 2010) ao retratar, como se fosse uma crônica, os dilemas juvenis que envolvem a homossexualidade (tema já abordado em outro curta de Daniel, Café Com Leite, de 2007). No caso do filme de Bodanzky, o pai do protagonista deixa a família para viver uma relação homossexual. Porém, em Hoje Eu Quero Voltar Sozinho nada é dramatizado, contrastando com As Melhores Coisas Do Mundo, onde a vida de Mano desmorona ao descobrir esse lado do pai. Quando Léo se vê apaixonado, ele não sente que isso é um problema, um drama.

Mesmo assim não é justo dizer que este é um filme que trata apenas de um garoto apaixonando-se por outro. O que vale aqui é a inocência de uma história de amor. A narrativa simples que não busca grandes coisas. E é exatamente isso que a faz ser tão bela. 

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