Por Camila Mota
1943, os irmãos Villas Bôas partem para uma viagem em busca de novas descobertas, em busca dos índios que viviam no Mato Grosso e que o governo procurava cada vez mais fazer contato.
A história do Parque Nacional do Xingu nos é contada de uma maneira clássica e transparente, onde o espectador consegue viver e muitas vezes se projetar dentro do filme. É interessante, porque, de forma singela, o diretor consegue trazer à tona não só a luta ideológica, mas também sociológica e politica do acontecimento.
O grande envolvimento dos irmãos Villas Bôas ocorreu exatamente porque eles enxergaram uma solução mais coerente e protetora para com os índios que habitavam a região do Mato Grosso do Sul, já que o governo queria retirá-los de suas terras, dividindo-as entre garimpeiros e fazendeiros a bel prazer. Os irmãos conseguiram pensar em algo muito mais grandioso, que seria a fundação de um parque onde todas as tribos que viviam ali viveriam juntas. Assim não se perderia nem os costumes e nem as tradições indígenas e preservaria os limites de suas terras.
É claro que para esse parque existir, foram muitos anos de lutas politicas, exatamente 18 anos, pois só em 1961 que os irmãos conseguiram fazer com que o governador e o presidente da época, Jânio Quadros, liberassem e permitissem a construção do Parque Nacional do Xingu.
Hoje, 51 anos depois da criação do parque, existem 16 etnias de indígenas vivendo nos seus limites. Seus costumes, em grande parte, continuam intactos, mas é claro que o fator externo vem influenciando cada vez mais, porém já era de se esperar que isso acontecesse, e o que nos resta somente é torcer para que esta cultura desapareça.
Mas a grande cartada do filme é que o diretor consegue misturar imagens ficcionais à imagens documentais, e assim fortifica suas estruturas narrativas, já que comprova, através de documentos visuais o trabalho dos irmãos Villas Bôas.
É um filme que emociona o espectador e o faz refletir acerca da situação do indígena no nosso país. Afinal, foram eles que aqui estavam quando tudo começou, há muito mais de 500 anos atrás, e são eles que ainda hoje mantem-se fortes, e quase impenetráveis para conseguir defender seus costumes, seu povo e suas terras.
Este filme precisa fazer parte do acervo público e que seja difundido nas escolas de todo pais, afim de conscientizar nossas crianças da importância do índio, que faz parte de nossa etnia e que nossos filmes pedagógicos são tão bons quanto os estrangeiros. Parabéns, belas imagens, bom roteiro.